Centro Espírita Nossa Senhora de Nazaré
SABE QUEM FOI?
CAIRBAR SCHUTEL
OUTUBRO/2.015
Cairbar Schutel nasceu no Rio de Janeiro a 22 de setembro de 1868. Era filho de Antero de Souza Schutel e de D. Rita Tavares Schutel. Frequentou o Colégio D. Pedro II. No Rio praticou em diversas farmácias e aos 17 anos veio para o Estado de São Paulo, exercendo sua profissão em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, onde residiu 42 anos. Foi um dos fundadores de Matão e seu primeiro Prefeito, trabalhando incansavelmente pelo progresso desta localidade, onde militou na política por alguns anos. Matão deve-lhe relevantes serviços. Católico romano por tradição, Cairbar Schutel muito fez pelo brilho dessa religião, com a sinceridade que caracterizou Saulo de Tarso. Mas como essa religião não respondia às perguntas íntimas que Cairbar fazia com respeito ao seu falecido pai, procurou outras fontes de informação fora da Igreja. Nesse tempo residiam em Matão seus amigos Calixto Prado e Quintiliano José Alves, que convidados por Cairbar Schutel, fizeram com ele sessões de tiptologia com a trípode pequena mesa com três pés). Foi então que, conhecendo que a vida continuava além do túmulo, estudou e abraçou o Espiritismo e dele se tornou um dos maiores propagandistas. Seu trabalho logo começou a aparecer: Fundou em 15 de julho de1905, o Centro Espírita Amantes da Pobreza*. Logo a seguir, a 15 de agosto desse ano, lançou à luz da publicidade "O Clarim", em formato pequeno, que logo se ampliou, atingindo sua tiragem a 10.000 exemplares nos últimos anos. Além disso fazia propaganda da doutrina por meio de boletins e panfletos, fazendo ainda palestras doutrinárias nas cidades circunvizinhas, inclusive programas radiofônicos na antiga PRD-4 de Araraquara. Sua atividade não parou. Assim foi que, a 15 de fevereiro de 1925, fundou A Revista Internacional de Espiritismo dedicada aos estudos dos fenômenos anímicos e espíritas. Este mensário conta com a colaboração de eminentes mentalidades mundiais, circulando não só entre as suas congêneres. Seu trabalho não se resumiu nessas duas publicações. Apareceram de sua brilhante pena, os seguintes livros: Espiritismo e Protestantismo, setembro de 1911; Histeria e Fenômenos Psíquicos , dezembro de 1911; O Diabo e a Igreja , dezembro de 1914; Médiuns e Mediunidades, agosto de 1923; Gênese da Alma, setembro de 1924; Materialismo e Espiritismo, dezembro de 1925; Fatos Espíritas e as Forças X..., maio de 1926; Parábolas e Ensinos de Jesus; janeiro de 1928; O Espírito do Cristianismo, fevereiro de 1930; A Vida no Outro Mundo , outubro de 1932; Vida e Atos dos Apóstolos, fevereiro de1933;Conferências Radiofônicas , setembro de 1937. Cairbar não dava só a sua inteligência em proveito do seu próximo. Oferecia o seu coração socorrendo os pobres e os enfermos com grande dedicação. Após curta enfermidade faleceu em Matão, dia 30 de janeiro de 1938, às 16:15 horas, o "Bandeirante do Espiritismo"- Cairbar Schutel.
HELEN KELLER
OUTUBRO/2.015
Em seus discursos, Helen Keller não economizava palavras e criticava duramente a classe política dos Estados Unidos, a quem acusava de "governar apenas para os ricos".
Ela impressionava pela retórica, mas também pelo simples fato de conseguir se expressar pela fala.
A americana, que em 2015 completaria 135 anos, é a mais famosa cega surda do mundo. E seu caso de superação, imortalizado na cultura americana, segue como um poderoso exemplo para as mais novas gerações.
Nascida em junho de 1880, em Tuscumbia, no Estado americano do Alabama, Keller perdeu a audição e a visão em consequência de uma virose, quando tinha menos de dois anos. Na época, os médicos não souberam explicar as causas, mas suspeita-se que ela tenha contraído febre escarlatina ou meningite.
A partir de então e até os sete anos, Keller só se comunicava com a família através de gestos. Em uma tentativa de diminuir o isolamento da filha, Kate Adams levou-a a um médico, que recomendou os serviços de ninguém menos que Alexander Graham-Bell, o inventor do telefone, que trabalhava com crianças surdas.
Dele, ouviu a recomendação de procurar o Instituto Perkins para Cegos, em Massachussetts. E foi lá que a menina conheceu Anne Sullivan, uma ex-aluna transformada em professora e que, durante 49 anos, seria uma companheira fiel de Keller.
A chegada de Sullivan transformou a vida da menina: em abril de 1887, a deficiente visual conseguiu fazer com que Keller compreendesse a relação entre palavras e objetos - a professora usou uma bomba d'água e o método de soletrar substantivos como "água" na palma da mão da menina.
Quatro meses mais tarde, Keller já conhecia 625 palavras. Aos dez anos, dominava tanto o braille quanto o alfabeto dos surdos-mudos. Ela também adotou um sistema para "ouvir" o que as pessoas lhe diziam - colocava os dedos sobre os lábios do interlocutor para fazer leitura labial.
Seis anos mais tarde, já se expressava bem o suficiente para frequentar escolas comuns e mesmo o Radcliffe College, instituição de ensino superior "irmã" da Universidade de Harvard. Formou-se em Belas-Artes em 1904, aos 24 anos.
Seus estudos foram pagos pelo magnata do petróleo Henry Huttleson Rogers, a quem Keller tinha sido apresentada por um de seus admiradores famosos, o escritor Mark Twain.
Medalha
Sempre acompanhada por Sullivan, Keller iniciou uma rotina de campanhas pela melhoria nas condições de vida para pessoas com deficiências visuais e auditivas. Em 1915, ela fundou um instituto, levando seu nome, que desenvolve programas de prevenção para doenças oculares ao redor do mundo.
Viajou por pelo menos 25 países para dar palestras e conhecer líderes. Nos EUA, conheceu 12 presidentes.
Sua militância, no entanto, abrangeu causas mais universais. Keller foi uma famosa sufragista (defensora do direito feminino ao voto), pacifista e socialista convicta. Suas posições, por sinal, fizeram com que ela fosse considerada uma radical e alvo de críticas por parte dos setores mais conservadores da sociedade americana.
Isso, porém, não impediu seu reconhecimento: sua história é contada no currículo escolar dos EUA. Keller também escreveu 12 livros.
Em 1961, uma série de derrames fez com que passasse seus últimos anos de vida longe da vida pública. Mas ainda houve tempo para que, em 1964, ela recebesse do então presidente Lyndon Johnson a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das mais altas condecorações civis dos EUA.
Keller morreu quatro anos depois. Seu corpo foi cremado, e as cinzas depositadas na Catedral de Washington, ao lado de onde jazem as de Sullivan. Além de homenagens domésticas, ela teve reconhecimento internacional, expressado também no fato de haver ruas com seu nome em Portugal, França, Suíça e Israel. E mesmo no Brasil - no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
LÁZARO LUÍS ZAMENHOF
MARÇO/2.015
No século XIX a Polônia foi habitada por diferentes povos, dentre eles, poloneses, judeus, russos, alemães, e bielorrussos, que formavam comunidades distintas, cada uma com a sua língua, costumes, e religião, mantendo-se distantes, desconfiadas, e inimigas entre si.
Nesta perspectiva, aos 15 de dezembro de 1.859, a cidade de Bialystok, então sob o domínio russo, recebeu o primogênito do casal judeu Marcos e Rosália Zamenhof, que mais tarde vivenciaria este problema.
Lázaro Luís Zamenhof foi, desde criança, dotado de grande sensibilidade e espírito de observação, registrando os numerosos choques culturais envolvendo ora crianças, ora adultos. “O que separa os homens?”. Era a interrogação que o preocupava e o levava a pensar numa forma de entendimentos entre as pessoas. Positivamente queria pacificar a humanidade, através de uma língua em que todos pudessem se entender.
Levado por este ideal, quando ainda ginasiano decidiu construir uma língua planejada e neutra, contando para isso com os recursos das diversas línguas conhecidas. No entanto, terminado o ginásio, seu pai decidiu que ele seria médico e, para isso, estudaria em Moscou. Durante o afastamento do filho e preocupado com a sua futura carreira, rasgou os manuscritos sobre o seu projeto linguístico.
Dois anos depois, tomando conhecimento da perda e com a autorização do pai, retomou com afinco a reconstrução da língua, agora ainda mais sólida.
Em janeiro de 1.885 recebeu o diploma de médico e, no ano seguinte, especializou-se em oftalmologia e montou um consultório na casa dos pais.
Nesse tempo conheceu Clara Zilbernik, de quem se enamorou, e foi apoiado em seu ideal. Seu futuro sogro, admirado com o projeto duma Língua Internacional, financiou sua primeira edição e, em 26 de julho de 1.887 foi lançada a “Lingva Internacia”. O livro continha, além do prefácio, o alfabeto da nova língua, as dezesseis regras gramaticais, alguns textos, e o dicionário, contendo cerca de 900 raízes. De autoria do “Doktoro Esperanto”, pseudônimo que na nova língua significa “doutor que tem esperança”, passou a ser conhecida simplesmente por “Esperanto”. Algum tempo depois o primeiro livro, em russo, saiu nas edições polonesa, francesa, alemã, e inglesa. Concluída esta fase da obra, casou-se com Clara com quem teve três filhos.
Sem deixar a profissão, Dr. Zamenhof trabalhou ardorosamente na divulgação do novo idioma e, em agosto de 1.905, viu seu ideal concretizar-se no 1º Congresso Universal de Esperanto, em Boulogne-sur-Mer, na França, onde se reuniram centenas de pessoas de vários países, comunicando-se em Esperanto, durante os seis dias do evento. O criador da Língua da Fraternidade ainda compareceu a oito Congressos Universais, viajando sempre às próprias custas, pois abdicou de qualquer direito autoral ou prestígio sobre ela.
Aos 14 de abril de 1.917, contando 58 anos, mas com problemas cardíacos, Dr. Zamenhof faleceu.
Lázaro Luís Zamenhof foi um homem dotado de extraordinária força de vontade na divulgação de seu ideal de vida: pacificar a humanidade através de uma língua onde todos poderiam se entender. “Para cada povo o seu idioma, mas, para contatos internacionais, uma língua internacional e neutra, fácil de aprender”. Sua utilidade é reconhecida pela UNESCO e o seu estudo é recomendado aos seus Países-Membros, com presença significante no Brasil.
Para o Espírito Emmanuel, na mensagem “A Missão do Esperanto”, “A língua auxiliar é um dos mais fortes brados pela fraternidade, que ainda se ouve nesse Planeta empobrecido de valores espirituais, neste instante de isolacionismo, de autarquia, de egoísmo, e de nacionalismo adulterado”.
ALCINA
JANEIRO/2.015
O surgimento de ALCINA!
Diante de Alcina “incorporada” pelo espírito Galeno, em plena sessão da Salpêtrière, respondeu Charcot, aos interessados no fenômeno, e que o inquiriram, “que lhes não convinha se adiantassem à própria época em que viviam, ...”. Sugeria que se não buscassem raciocínios que aclarassem os resultados das investigações, devendo contentar-se somente com aquela “observação experimental”, a que todos haviam presenciado.
Tal atitude anticientífica tem sido mantida por respeitáveis investigadores, por temerem a realidade da vida imperecível, conforme consta do livro “Nos bastidores da obsessão”, ditado pelo Espírito Manuel Philomeno de Miranda ao médium psicógrafo Divaldo Pereira Franco.
Mas, quem foi Alcina, tornada famosa no campo da Medicina Psiquiátrica? Antes dessa resposta, vejamos alguns personagens citados:
1º) Cláudio Galeno, de Pérgamo (130-200), foi médico e filósofo grego, cirurgião de gladiadores, médico da corte e de Cômodo (180-192). Inferior apenas a Hipócrates, é considerado o fundador da Fisiologia Experimental e escreveu cerca de 400 livros, dos quais apenas 98 nos chegaram. Para ele as vidas psíquica e animal têm funções diversas e operam em níveis diversos, mas todo corpo é apenas um instrumento da alma e cada organismo se constitui segundo um plano lógico estabelecido por um ser supremo, guia e arquiteto do universo;
2º) La Salpêtrière (“a salitreira”), ou “Pitié-Salpêtrière”, foi um hospital-asilo construído em 1.656, a mando de Luís XIV, para ser uma fábrica de pólvora, do qual o salitre é um dos ingredientes, advindo daí o seu nome. Foi transformado, 15 anos após, num nosocômio;
3º) Jean Martin Charcot (1.825-1.893) foi uma das maiores figuras da medicina francesa. Neurologista e professor, exerceu grande influência sobre Sigmund Freud, seu aluno na Salpêtrière. Introduziu profundas modificações no estudo da patologia nervosa e deve-se-lhe a primeira descrição dos sintomas da histeria, na qual experimentou o tratamento pela hipnose, a qual estimulou aquele aluno para o ponto de vista psicológico.
Isto posto, tornemos a falar, doravante, sobre o papel de Alcina naquele célebre episódio histérico, segundo o texto de Carlos Bernardo Loureiro, em seu livro “As Mulheres Médiuns”, edição FEB.
Ainda no terreno da xenoglossia, registramos, em resumo, uma célebre experiência levada a efeito por Charcot com a sensitiva Alcina, considerada histérica, naquele hospital-asilo, nos idos de 1.862.
“Eis aqui uma histérica” – apresentou-a à seleta e douta assembléia de psiquiatras – “que, debaixo da influência do hipnotismo, obedecerá cegamente a quanto se lhe ordenar. Ides presenciar um fenomeno muito surpreendente”. E ordena-lhe: “Alcina, marche à droite”. Alcina obedece e caminha para a direita. “Alcina, chantez un conplet”. Alcina canta. “Alcina, allex ao bal”. Alcina dança.
Concluída essa experiência, disse Charcot: “Haveis observado a sua obediência; passemos, agora, a uma ordem de experiências superiores”. Mandou que trouxessem um quadro de giz e disse: “Alcina, allez au tableau noir: ecrivez”.
Dirigindo-se então aos professores assitentes, disse-lhes: “Senhores, ordenai a esta jovem que vá ao quadro de giz escrever em qualquer idioma, seja europeu ou exótico, antigo ou vivo, sobre assuntos cientificos, literários, ou quaisquer outros”. Os professores Pannás, grego, e Mathias Duval, francês, ambos membros da Academia e professores universitários, adiantam-se e ditam orações completas em grego antigo e moderno, respectivamente.
Alcina, com letra clara e bonita, escreve com a maior desenvolvtura os caracteres gregos perfeitamente formados, segundo o dizer de ambos os sábios interrogantes. Depois dessa prova, Charcot, como que inspirado e profundamente emocionado, disse: “Voilá le clou de la jornnée” (“Eis agora a atração principal do dia”). “Vamos evocar Espíritos; porém não Espíritos vulgares; busquemos na história da Humanidade, os mais luminosos e os interroguemos sobre as obras que projetaram, deixando-as interrompidas por haverem falecido”.
Labarde, professor de Fisiologia, pede a palavra e, após cinco minutos de meditação, diz: “Evoquemos o Espírito de Galeno e lhe perguntemos que observação importante fez depois de sua primeira dissecação”. E Galeno respondeu pela mão da médium:
“O corpo humano não chegou à sua perfeita conformação. Os sistemas da circulação e da enervação estão bastante unidos e relacionados na obra da economia; porém, o sistema linfático sofrerá uma evolução de grande proveito, sobretudo para a longevidade da espécie humana. Em alguns animais inferiores, de vidas mais longas, já se poderiam fazer experiências comprobatórias desta asserção”.
Toda essa luminosa comunicação de Galeno foi escrita por Alcina, no quadro de giz, em caracteres gregos e no idioma antigo, do tempo do pai da Medicina. Depois de Labarde, falou Mathias Duval, austero sábio, de grande inteligência, que disse: “Evoquemos o Espírito Platão, que nos dirá algo sobre a semelhança que existe entre Alexandre, César, e Napoleão”.
Platão, em Grego, escreveu, através da analfabeta Alcina: “Observei que, fisicamente, esses três homens se parecem: estatura mediana, temperamento nervoso e exagerado, paixões inferiores, vivacidade, soberba, talento extraordinário, tez morena, cabelos negros, mãos finas, expressão fácil, sem verbosidade, eloquência claríssima, resoluções firmes, atividade inesgotável, etc. Todas estas condições lhes foram comuns; suas obras de guerreiros e conquistaqdores, idênticas; a ambição, única e igualmetne arrebatadora: a dominação do mundo. Essa trindade teve uma única e mesma alma: foi Alexandre, foi César, foi Napoleão!”.
Profunda e estarrecedora impressão provocava Alcina nos espíritos cultos e descrentes daquela plêiade de eruditos.
O professor de Freud, encerrando as experiências, assim se expressou: “Senhores, não pretendais avançar além da nossa época; não busqueis raciocínio algum para a explicação clara e verdadeira destas experiências; conteitai-vos com a observação experimental que acabais de fazer ...”.
E aquele histórico e notável episódio médico se encerra, para nós, espíritas, aqui, cabendo-nos apenas acrescentar: “sem comentários”.
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